As lesões musculares isquiotibiais estão entre as mais frequentes no atletismo e modificam significativamente os hábitos de treinamento e competição dos atletas. Quem já sofreu uma lesão muscular jamais esquece a dor e as dificuldades para voltar a treinar sem medo de senti-la novamente.
O ESTIRAMENTO MUSCULAR é uma lesão INDIRETA, ocorre na ausência de contato físico e caracteriza-se pelo alongamento das fibras além dos limites normais (fisiológicos). Tal fato ocorre predominantemente durante as contrações musculares EXCÊNTRICAS, que significa o "alongamento" gradativo das fibras em decorrência do torque muscular ser de magnitude inferior à resistência imposta.
ClASSIFICAÇÃO DAS LESÕES MUSCULARES
GRAU I - lesão em menos de 5% do músculo. A dor é localizada durante a contração muscular contrarresistência e pode ser ausente no repouso, sem formação de hematoma e a limitação funcional é leve. Apresenta bom prognóstico e a restauração das fibras é relativamente rápida.
GRAU II - lesão em mais de 5% e menos de 50% do músculo. Acompanhada de edema, dor localizada, hemorragia leve ou moderada, limitação funcional moderada, pode evoluir com sequelas.
GRAU III - lesão em mais de 50% do músculo. Acompanhada de perda de função, defeito palpável (retração muscular) e presença de hematoma, recuperação lenta e o prognóstico é indeterminado, de um modo geral evoluindo com sequelas (deformidades).
A história de quem sofre uma lesão é marcada por uma dor localizada de início súbito e intensidade variável, algumas vezes acompanhada de um estalido audível, geralmente durante um movimento e culmina com a interrupção do mesmo. O inchaço local pode se formar após a lesão, acompanhada ou não de uma deformidade (depressão local).
Os músculos isquiotibiais atravessam duas articulações e, portanto, limitam a extensão do joelho com o quadril flexionado e atuam na desaceleração da extensão do joelho durante a corrida. Alguns parâmetros influenciam os músculos isquiotibiais durante movimentos de alto risco, como a inclinação do tronco para a frente, as velocidades sub-máximas ou máximas, o aumento da distância da passada, o máximo estiramento durante os momentos finais da fase de balanço e a máxima contração durante os momentos iniciais da fase de apoio.
Na primeira fase após a lesão há um desarranjo na estrutura das fibras musculares, desencadeando um processo de morte celular (necrose), seguindo-se inflamação com aparecimento dos sinais e sintomas típicos, como inchaço, equimose, hematoma, dor, deformidade e limitação de movimentos. A fase seguinte acontece com a migração de células sanguíneas e a liberação de substâncias (fatores de crescimento celular) que estimulam o reparo (cicatrização) e a regeneração das fibras musculares.
Os grupos musculares mais frequentemente atingidos por estiramentos são os ISQUIOTIBIAIS (músculos posteriores da coxa), o QUADRÍCEPS (músculos anteriores da coxa) e os GASTROCNÊMIOS (músculos da perna), que apresentam em comum as seguintes propriedades: são biarticulares (atravessam duas articulações) e têm um predomínio de fibras tipo II (fibras de contração rápida). As regiões mais atingidas no músculo são as transições músculo-tendão e no ventre muscular (corpo do músculo).
FATORES PREDISPONENTES
1. FADIGA MUSCULAR:
A "sobrecarga" representa um dos princípios do treinamento esportivo. Não há hipertrofia muscular sem que ocorram as adaptações de uma carga elevada imposta ao músculo. Durante o treinamento, a sobrecarga gerada pode resultar em fenômenos de fadiga muscular, o que predispõe os grupos musculares envolvidos ao aparecimento de lesões. Durante a fadiga, o sistema neuromuscular perde provisoriamente a habilidade de controlar as forças impostas, gerando alterações na mecânica do movimento. A lesão muscular, portanto, também pode ser gerada quando um músculo não está preparado para receber uma carga com intensidade e duração além da sua capacidade.
2. DEFICIÊNCIAS DE FORÇA
Estudos atuais revelam que diferenças de força entre músculos agonistas e antagonistas inferiores a 60% sugerem predisposição ao aparecimento de novas lesões. A recuperação da força e da coordenação nos gestos esportivos específicos tem fundamental importância na prevenção de novas lesões. A recidiva de lesões musculares é menor nos atletas com normalização dos desequilíbrios musculares.
3.FLEXIBILIDADE
A flexibilidade diminuída dos músculos isquiotibiais e quadríceps tem sido relacionada à maior incidência de lesões musculares.
4. MÚSCULOS BIARTICULARES
Os grupos musculares biarticulares (atravessam duas articulações) são geralmente superficiais, apresentam grande velocidade de contração e baixa capacidade de suportar tensão. São mais propensos a lesões por serem restritores dos movimentos articulares, atravessarem duas articulações adjacentes e apresentarem predomínio de contração excêntrica, como observado nos músculos isquiotibiais, reto femoral e gastrocnêmios na perna.
5. FIBRAS MUSCULARES TIPO II
Os grupos musculares com uma predominância estrutural de fibras do tipo II B (fibras de contração rápida) são os mais frequentemente acometidos pelas lesões musculares.
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